• 20 Fev 2019
  • Antonio

Gilson Edmar: Discreto, competente e conceituado


Texto originalmente publicado no Jornal de Medicina de 2017, edição abril

Autor: Gildo Benício

Estes são alguns dos adjetivos que caracterizam Gilson Edmar Gonçalves e Silva, de quem fui colega de enfermaria e em outras atividades. Ele é um médico seguro, prestativo, humano. Tem grande capacidade para administrar e a sua convivência o torna amigo dos que têm o privilégio de sua companhia. Ainda muito jovem, ao frequentar a Escola de Educação Física (duas tias suas trabalhavam lá) se encantou com o que faziam os médicos da Escola, e decidiu seguir a Medicina. Como estudante, foi monitor de Fisiologia (cadeira do Prof. Nelson Chaves); Desde o 4º ano foi membro da Sociedade de Internos dos Hospitais de Recife (da qual foi Presidente) e passou a frequentar, como estudante clínico a enfermaria São Miguel no antigo Hospital Pedro II (serviço do Prof. Manoel Caetano). 

Formou-se pela UFPE em 1966. Continuou na S. Miguel e se ligou ao setor de Eletroencefalografia, chefiado por Salustiano Lins. Paralelamente foi médico plantonista do Pronto Socorro e Neurologista no INAMPS. Instalou o primeiro serviço de EEG na Faculdade de Ciências Médicas (serviço do Prof. Luiz Ataíde). Casou-se com Edna e vieram três filhos (nenhum quis ser médico). Foi para a França, onde fez Mestrado (serviço do Prof. Henri Gastaut), sob a orientação do Dr. Robert Naquet, ambos de renome internacional. Voltou ao Recife e ingressou na Sociedade Brasileira de Neurofisiologia e organizou o congresso nacional da especialidade. Prestou concurso para Prof. de Medicina na UFPE e foi chefe do Dept. de Neuropsiquiatria do Centro de Ciências da Saúde. Gilson fez doutorado na Escola Paulista de Medicina e presidiu o congresso internacional de Neurofisiologia no Rio. Voltou ao Recife exercendo a Neurologia e a Eletroencefalografia em seu consultório, enquanto continuava a carreira universitária e também no INAMPS. No hosp. Agamenon Magalhães criou o curso de Pós-graduação em Neuropsiquiatria no qual foi o 1º Coordenador. Foi eleito Diretor do Centro de Ciências da Saúde (designação atual da antiga Faculdade de Medicina além de outras atividades), por dois mandatos. Casou-se com Vitória Menezes. Organizou em Recife o congresso brasileiro de Neurologia (foi impecável, dele participei e afirmo: foi um congresso extraordinário). 

Gilson criou ainda o Simpósio Internacional de Epilepsia. Fez Pós-doutorado na Universidade de Bolonha (Itália). Gilson integrou diversas associações médicas entre as quais a brasileira de Neurofisiologia, a Academia Brasileira de Neurologia, a Associação Médica de Pernambuco (AMPE), a Liga Brasileira de Epilepsia. Na Liga, trabalhei com Gilson e Ana Van Der Lindem e posso dizer que alastramos a Liga pelo Brasil afora (antes, ela atuava praticamente no Rio e S. Paulo).

Gilson é membro da Academia Pernambucana de Medicina e também da Sociedade de Escritores Médicos (SOBRAMES), além do Instituto de História da Medicina. Publicou trabalhos em revista médicas no Brasil e no exterior, além de participar de congressos e jornadas nacionais e internacionais. Publicou junto com Marco Valença o 1º livro de Neurologia de autores pernambucanos (“Neurologia Clínica”) e “ A Eletroencefalografia e a Escola de Recife” além de capítulos em outros livros didáticos. Fora da medicina publicou “ Um olhar no quotidiano”. 

Gilson foi homenageado por diversas turmas de concluintes em medicina. Fora da medicina foi da diretoria do Country Club e do Rotary Boa Vista (do qual foi Presidente). Recebeu várias honrarias, entre as quais a Medalha de São Lucas (das três entidades médicas de Pernambuco), a medalha Egas Muniz (Sociedade Portuguesa de Neurologia), a medalha do Mérito Educacional em Medicina e a medalha José Alberto Maia do Capítulo Pernambucano da Academia Brasileira de Neurologia. Entre os prêmios que ganhou está o “Cérebro e Criatividade (Simpósio sobre o cérebro). 

Gilson participou de uma situação curiosa: No Pedro II atendeu uma paciente com um tumor de base de crânio e que teve um AVC enquanto o grave caso era avaliado, ficando hemiplégica e afásica. A família não quis a quimioterapia: “Vamos levar para morrer em casa”. Dois anos depois Gilson reencontrou a paciente passando bem, falando e com boa recuperação motora. Inexplicável. Não se sabe se ela recorreu a alguma força sobrenatural. Gilson segue sua brilhante carreira no seu consultório, no Hospital Maria Lucinda.